Fafy Siqueira é, sem dúvida, um dos grandes nomes do humor brasileiro — mas sua trajetória vai muito além das gargalhadas. Pouco conhecida do grande público é sua faceta como cantora e compositora, embora ela reúna, há décadas, talento e sensibilidade também na música. Artista de múltiplas linguagens, Fafy retorna agora aos palcos com a peça “O Palhaço Tá Sem Graça”, um espetáculo que explora seu lado de cantora e, sobretudo, de clown, mergulhando na delicada fronteira entre o riso e a dor. A montagem aborda um tema que tem ganhado maior visibilidade nos últimos tempos: a tristeza silenciosa que muitas vezes habita os comediantes. “A peça trata da tristeza de um palhaço. São dois personagens — e um deles entra em depressão ao reviver um trauma da infância. O outro, que eu interpreto, tenta ajudá-lo a sair desse estado. Esse enredo toca num ponto muito sensível e real: a ideia de que, por trás da alegria aparente, há muitas vezes um peso, uma melancolia. Ser palhaço é uma profissão, com responsabilidades. E há dias em que precisamos fazer o público rir mesmo quando, por dentro, estamos em pedaços”, explica Fafy. O espetáculo, portanto, não apenas diverte, mas convida à empatia, à reflexão e ao reconhecimento da humanidade por trás da máscara cômica.
“Costumo dizer que todos os humoristas são, de certa forma, palhaços — e temos muito orgulho disso. Existe um mito de que humoristas são mal-humorados, e alguns realmente são. Mas, em minha experiência, a grande maioria é bem-humorada. Tive o privilégio de trabalhar com grandes ídolos, que considero a Santíssima Trindade do humor brasileiro: Castrinho, Ronald Golias e Moacyr Franco. Foram mestres para minha geração” – Fafy Siqueira.
Além do teatro, Fafy também chama atenção para uma lacuna significativa na cultura televisiva brasileira: a escassez de programas de humor na TV aberta. “É uma das coisas que mais reivindico. Vivemos um momento com muitos talentos jovens despontando no humor, mas faltam espaços consistentes, formatos variados e programas que abracem essa nova geração. Sinto falta da pluralidade que existia antes”, comenta. Ela não economiza elogios ao citar nomes que admira profundamente: “Sou fã da Cacau Protásio, da Evelyn Castro, da Samantha Schmütz, do Lúcio Mauro Filho, do Bruno Mazzeo, do Marcelo Adnet… são talentos incríveis, com quem tenho uma ótima relação. Essa nova geração merece visibilidade.”
Com sua característica energia criativa, Fafy ainda planeja novos voos. Entre os projetos, está o início de uma série de palestras motivacionais por diversas regiões do Brasil. “Essas palestras têm como foco a importância do bom humor no cotidiano. E é importante diferenciar: ter bom humor não é ser humorista. É uma postura diante da vida, uma forma de atravessar os desafios com leveza e dignidade.” Além disso, ela está envolvida na produção de uma nova canção de sua autoria, com direção musical de Sandra Sá. O single já conta com participação confirmada de Xande de Pilares, e outros nomes estão sendo convidados para integrar o projeto.
Leia a entrevista completa: https://heloisatolipan.com.br/tv/fafy-siqueira-esta-no-teatro-e-fala-sobre-tristeza-silenciosa-que-habita-os-comediantes-e-a-falta-de-humor-na-tv/