Vem aí a primeira plataforma digital de teatro relacionado ao universo indígena do Brasil: é o TePI – Teatro e os povos indígenas, liderada pela diretora artística Andreia Duarte em parceria e co-curadoria com o ambientalista e filósofo Ailton Krenak. O lançamento oficial da plataforma ocorre no dia 26 de novembro de 2021 no endereço
Tepi.digital.
Dois eventos marcam este lançamento. Às 17h, no TePI, uma cerimônia terá a presença de Andreia Duarte e Ailton Krenak, e parceiros da plataforma: o diretor do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, e Aline Torres, secretária municipal de Cultura de São Paulo.
O lançamento oficial da plataforma contará com dois eventos. Às 17h, no TePI, uma cerimônia terá a presença de Andreia Duarte e Ailton Krenak, e parceiros da plataforma: o diretor do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, e Aline Torres, secretária municipal de Cultura de São Paulo.
Mais tarde, às 19h, estreia no TePI o espetáculo chileno TREWA, uma peça documental sobre o assassinato de Yudith Macarena que envolve a violência história exercida contra o povo Mapuche pela Estado Chileno. O espetáculo é dirigido pela chilena do povo Mapuche Paula González Seguel.
Este espetáculo também faz parte da Ocupação Mirada 2021, que recebe, ainda no dia 26, às 11h, um encontro virtual com Ailton Krenak, Andreia Duarte, Paula González Seguel e o sociólogo e diretor do Sesc em São Paulo, Danilo Miranda.
Totalmente gratuita, a plataforma TePI terá uma Mostra Artística nacional e internacional com diversas peças teatrais, performances e “Atos para Cura”, bem como promoverá encontros de artistas e intelectuais indígenas e não indígenas sobre assuntos como cultura, mercado de arte, ambientalismo e espiritualidade. Ao todo, cerca de 71 atividades, entre vídeos e outros conteúdos, serão lançadas no TePI entre novembro de 2021 e março de 2022.
Naine Terena, Paula Gonzalez (Chile), Denilson Baniwa e Zahy Guajajara são apenas alguns artistas envolvidos na programação, além do próprio Krenak e diversos outros pensadores.
A plataforma
A plataforma é pensada como um projeto a longo prazo, a ser alimentado de forma contínua e duradoura, estruturada em torno de cinco grandes eixos:
• Mostra Artística: Espetáculos, Performances e Leituras Dramáticas
• Encontros: Conversas Abertas, Atos para a Cura e Práticas Pedagógicas
• Internacionalização: Palestras abertas e encontros entre programadores e artistas indígenas de diferentes países
• Paisagem Crítica: Textos, Vídeos e encontro.
• Publicações: lançamento de catálogo, e-book e dramaturgia inédita.
A programação completa, que terá lançamentos entre novembro de 2021 e março de 2022 e continua disponível após esse período, envolve diretamente cerca de 85 convidados, entre artistas, pesquisadores, intelectuais e produtores indígenas e não-indígenas.
A maioria das ações fica disponível na plataforma, mas há alguns espetáculos que só podem ser assistidos em dias e horários marcados, com funcionamento em sessões.
Mostra Artística
A obra que abre a programação da Mostra Artística no TePI, em parceria com a Ocupação Mirada 2021, é o espetáculo chileno TREWA – Estado-Nación o el espectro de la traición, dirigido por Paula González Seguel. O espetáculo de artista Mapuche será exibido na plataforma no dia 26 de novembro, às 19h, e em outras datas em janeiro e março de 2022.
TREWA é um espetáculo documental sobre um assassinato vinculado a milícias e ao Estado Chileno para a construção de uma hidrelétrica em uma reserva Mapuche.
Essa é a sexta peça do trabalho da KIMVN Teatro, companhia que Paula dirige há mais de dez anos e uma das mais importantes do Chile. O grupo se dedica ao resgate da memória oral, defesa dos direitos humanos e de demandas legítimas dos povos indígenas por meio do Teatro Documentário, da Performance Contemporânea e das Artes Musicais.
No dia 27, a artista amazonense Lili Baniwa apresenta Lithipokoroda – Performance Manifesto. A obra foi produzida por artistas indígenas da cidade de São Gabriel da Cachoeira/Amazonas. A performance acompanha jovens indígenas do século 21, da cidade mais indígena do Brasil, que têm a floresta como sua casa e utilizam a tecnologia como ferramenta de denúncia.
Também no dia 27 outra obra internacional entra no TePI. É o INO MOXO, da companhia peruana INTEGRO, com o artista indígena Rawa Shipibo. Com o uso de vários elementos tradicionais e contemporâneos do imaginário Amazônico, Ino Moxo apresenta a história de um jovem que passa a morar na floresta com o povo indígena HuniKuin tornando-se um famoso curandeiro.
Exibida e premiada no Peru e em diversos países europeus, como Espanha, Reino Unido e Itália, a encenação expõe um tecido de diferentes linguagens artísticas, oferecendo a experiência de ver uma produção que se move com agilidade entre as margens das artes visuais, música e performance.
Abrindo a programação das leituras dramáticas, o artista potiguar Juão Nyn faz a leitura da dramaturgia Tybyra no dia 5 de dezembro de 2021, às 19h – a peça faz uma conexão entre o universo indígena e temas LGBTQIA+.
Essas são apenas algumas obras disponíveis na programação inicial do TePI. Outras entram na plataforma ao longo dos próximos meses, trazendo questões relacionadas à construção de hidrelétricas apoiada pelos Estados (além de TREWA, há o espetáculo brasileiro ALTAMIRA 2042, da atriz e diretora Gabriela Carneiro da Cunha), a presença feminina indígena na arte (com artistas como Zahy Guajajara e Lian Gaia) e a vida para além da humanidade (com o espetáculo Para que o céu não caia, da Cia Lia Rodrigues de Dança).
História
O TePI nasceu para valorizar obras produzidas por indígenas e não indígenas, reconhecendo nestes trabalhos estéticas e conexões que ampliam a percepção sobre a existência na Terra. Entendendo a arte, especificamente o teatro, como espaço de potência, criação e reinvenção da própria vida.
O conceito da plataforma – pensada inicialmente como um evento presencial – envolve quatro direcionamentos principais: o protagonismo indígena na arte; o entendimento do teatro como ação artística que produz poética e política em diferentes espaços. A percepção da existência para além da humanidade, valorizando obras que evidenciam e lutam pela pluralidade de todas formas de vida. Além de tudo isso, o TePI é um projeto que almeja um lugar comum, por isso a inclusão de artistas e intelectuais indígenas e não indígenas, na discussão.
“O protagonismo indígena é essencial para o TePI. Mas pensamos fundamentalmente em obras de artistas indígenas ou que se relacionam com esse universo que trazem reflexões sobre o mundo e mostram pontos de vista ambientais, políticos e sociais para a reinvenção da vida”, afirma a diretora artística Andreia Duarte. “Não dá para falar de arte indígena sem pensar o planeta, por isso no TePI estamos interessados em trabalhos que trazem este movimento.”
A primeira edição, “TePI – encontros de resistência”, aconteceu em formato presencial em 2018. Foram quatro encontros e uma peça de teatro sediados no Sesc Pompeia, abertos ao público, que abordaram uma discussão sobre o conhecimento do corpo indígena e sua representatividade no teatro; sobre a luta pautada no antagonismo: exploração e a relação ancestral da terra; mas também, sobre a percepção da arte como forma de resistência.
A segunda edição ocorreria em 2020. Com a produção já em marcha e várias atrações confirmadas em formato presencial, foi adiada em razão da pandemia.
Agora, o TePI se materializa como plataforma digital, firme aos seus propósitos originais.
Fonte: Assessoria
Foto: Reprodução