A Inteligência Artificial Generativa, ou seja, aquela que gera/cria conteúdos, vem sendo cada vez mais o centro das discussões atualmente, inclusive na área do entretenimento. Diante dessa nova realidade tecnológica, quais são os impactos causados na arte e na vida dos artistas? A Inteligência Artificial pode substituir os artistas?
Se por um lado a IA pode trazer benefícios como diminuição de tempo num processo de produção, diminuição de barreiras linguísticas, culturais e geográficas, por outro vem preocupando os artistas de todas as áreas, seja na música, no cinema, animações e até obras de arte. No início de junho de 2023, a SAG-Aftra, maior sindicato de atores de Hollywood, se reuniu com representantes de grandes estúdios de cinema para debater o assunto. O principal objetivo era discutir a remuneração justa e o controle das imagens dos atores pelo uso de IA. Ferramentas como o “deepfake”, que criam conteúdos gerando imagens de pessoas, ameaçam futuras contratações dos artistas. Ainda sobre Hollywood, a IA também é um dos assuntos abordados na greve dos roteiristas, que já dura mais de um mês. A classe também se sente ameaçada por ferramentas como o ChatGPT, capazes de gerar textos com apenas algumas orientações humanas.
Além de música, imagens e textos, também já existem recursos para recriar vozes, o que compromete o trabalho de profissionais do ramo da dublagem, por exemplo. A atriz e dubladora estadunidense Emily Bauer, conhecida por trabalhos como voz original de alguns animes, veio a público recentemente em suas redes sociais e se mostrou indignada com algumas questões contratuais envolvendo IA. A publicação levantou o alerta sobre ceder os direitos de uso de sua voz para usos posteriores, através da IA, podendo deixá-la sem emprego.
Nas últimas semanas, profissionais brasileiros de dublagem criaram um abaixo-assinado online, pedindo a proibição do uso de IA e a não substituição da emoção humana por parte dos estúdios, emissoras de rádio, TV e streamings em geral. O abaixo-assinado defende que dubladores, artistas de voz original, locutores institucionais e comerciais, jornalistas, repórteres, intérpretes de LIBRAS, áudio descrição e mais as mãos-de-obra diretas e indiretas dos estúdios, correm o risco de ficar sem trabalho.
A evolução tecnológica pode ser um caminho para auxiliar e até mesmo facilitar a execução do trabalho, não só na arte, mas em todas as áreas. Porém, é preciso tomar muito cuidado com as consequências da substituição humana, da criatividade, do talento e, principalmente, do amor e dedicação dos profissionais pelo que fazem, essas são coisas insubstituíveis.
